sábado, 1 de outubro de 2011

SAUDADE DE DANIEL



          Daniel era um jovem de mais ou menos 16 anos quando foi levado cativo por Nabucodonozor para a Babilônia, no ano 597 a.C. Foi um dos escolhidos para ser instruído nas artes sortílegas. Tornar-se-ia um perito em adivinhação. Com o nome caldeu de Beltessazar (um deus babilônico), iria morar na corte, com o rei.
          Esse jovem destacou-se por sua lealdade ao governo e por sua fidelidade a Deus. Mas “o sucesso sempre exige um tributo”, sobretudo conseguido através da fidelidade e do esmero. Daí a repulsa por ele (Dn 6.3, 4).
          Sucederam-se as perseguições, sempre eivadas de falsa ética e motivações sub-reptícias. Daniel não seria exceção a essa regra. Todavia, as perseguições esbarraram em sua vida inatacável, fossem em suas relações com o Estado, fossem, ainda, em suas relações com seu Deus. Fiel, nenhum erro, nem falta (4). “Nunca acharemos coisa alguma...” (5).
          Vida moral irretocável, honestidade no palácio, exemplo de probidade. Invulnerável em sua religião – “...no que diz respeito à lei do seu Deus” (5). Um complô contra sua devoção (7-9, 12c). Daniel não apelou para uma camuflagem, um escapismo, mas continuou vivendo e agindo “como costumava fazer” (10). Não mudou a postura da oração (de joelhos); não mudou os hábitos de sua vida (três vezes ao dia orava); não trocou de lugar (em sua casa); não se escondeu (janelas abertas); não mudou o conteúdo da oração (orava e dava graças). E parece que em voz alta (orando e suplicando diante de seu Deus). A sentença por essas transgressões seria sua “execução” na cova dos leões. Fatal! (7c, 12c, 16, 17).
          Como resolveu tudo? Com oração (10), que é o modo cristão de resolver cisões. Porque escolheu este caminho? A resposta pode estar no verso 3 – “nele havia um espírito excelente”. Ademais, Daniel tinha “um propósito sério no coração” – não se contaminar (1.8). A força de sua integridade dominava as circunstâncias e levava o rei a perturbar-se (14, 18). Sua resistência glorificou o nome de Deus      (26-28).
          Moço de qualidade, esse Daniel! Hoje diríamos: um cristão de primeira! Da melhor cepa. Manteve a dignidade no posto a que foi alçado, por absoluto mérito. Entre indignos, portou-se com dignidade. Não se valeu dessas “oportunidades de ouro” para tirar proveito. Não usou de casuísmos, maracutaias, mancomunação (conluios), em benefício próprio, ou nepotismo. Bom sujeito, esse Daniel!
          Se fosse nosso contemporâneo, suscitaria uma saudade!...
               Mas não é.
          Faz uma falta!...


Nenhum comentário:

Postar um comentário