quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ELE ACALMA TEMPESTADES


                                                                                   “Quem é este que até os ventos
                                                                                   e o mar lhe obedecem?” (Mt 8.27)


          Quantos vivem os horrores de tempestades na vida, e quantos sucumbem a essas tempestades! Mesmo que se trate de pessoas afeitas aos solavancos das muitas e turbulentas águas – é o caso típico dos discípulos de Jesus, que viviam no mar e do mar. De repente, tufões vindos do Oriente precipitavam-se sobre as águas aparentemente calmas do Mar da Galileia, como incontroláveis ciclones. Estes, conturbavam a segurança e a alma de hábeis pescadores.

          No entanto, em meio à tempestade, Jesus dormia... (24). Não é o sono da  indolência. É o repouso imperturbável de quem se sabe Senhor da Natureza, Senhor da situação. Os discípulos, não. Rendiam-se ao medo. Apavorados, acordaram Jesus aos gritos: “Senhor, salva-nos! Perecemos!” (25). Marcos dramatiza: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (4.38). Lucas é mais literário: “Sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar” (8.23). João não refere o fato em si. Se o fizesse, diria que Jesus acalma as tempestades da nossa vida. Diria que há poder nele e em seus feitos.

          As tempestades são um teste para a coragem e para a fé. A fé traz em si uma conotação cognitiva, intelectual; mas é, também, experiência. Como tal, precisa ser testada. Os discípulos foram reprovados nesse teste. Coragem e fé, na experiência cristã, são análogas, isto é, semelhantes em certo aspecto. “Por que sois tímidos, homens de pequena fé?” (26). Faltou-lhes coragem porque lhes faltou fé. A falta de fé suscita fraqueza, mesmo em pessoas calejadas, testadas nas lutas existenciais.

          Tudo está perdido, só porque o medo nos avassala, e as tempestades nos fazem sucumbir? Não. Absolutamente não! Jesus está no barco. Dorme, mas está. E se está, há salvação! “E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança” (26). Os discípulos ficaram embasbacados, maravilhados! “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (27).

          Não sabiam quem, de fato, era Jesus. Sabiam-no, mas não o conheciam nessa competência. Tal hoje acontece a nós outros. Dizemos conhecê-lo, afirmamos nossa fé nele, mas, a rigor, nem sempre resistimos a um bom teste dessa relação.  O Filho de Deus é infinitamente maior do que o que dele conhecemos. Daí a estranheza e a perplexidade.

          Ah, se essa perplexidade nos levasse a rever posições!... As provações de nossa vida poderiam ser vistas também como um ato da bondade divina. Culminariam em edificação.

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