Sempre me impressionaram muito as palavras de Deus a Moisés, em Êx 14.15 – “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem”. Foi o momento decisivo da marcha.
Antes, Moisés disse ao povo: “Aquietai-vos e vede o livramento que o Senhor hoje vos dará” (14.13) e “o Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis” (14.14). Há a hora do homem falar e a hora de Deus falar. No passado, Eli, o sacerdote, ensinou a Samuel como se expressar diante da evidência de Deus em sua vida: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve” (1 Sm 3.9). Era hora de assim falar e aguardar a orientação. Logo, segui-la.
Nosso problema talvez seja o falar muito, com inoportunidade, por vezes. Quando falamos demais, perdemos o siso. O necessário é o viável e o oportuno. Salomão filosofa: “Como maças de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25.11). Se é obscuro o símile, por um lado, é clara a mensagem, por outro.
Quis Deus impedir seu servo Moisés de clamar? Nem tanto!... É que não era mais hora de clamar, mas de agir: “Dize ao povo que marche”. E o povo marchou – do verbo clamar que nem sempre é ação, à ação do verbo marchar! Era o necessário. Verbo bem conjugado é o correspondente exato da ação justa, conseqüente.
Venha o Êxodo até nós, porque também nós estamos em marcha, e não é tempo de gastar tempo parolando... É tempo de divisar o mar e enfrentá-lo. Deus mesmo o abrirá – “o Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis”. É tempo de encarar desertos, sem nossas panelas egípcias, mas com água jorrando das pedras (...) e pão que vem do céu – o manjar de Deus!
Não mais é hora de apenas clamar, senão de transformar clamor em ação. O clamor espera em Deus, a marcha vê o caminho que já está aberto.
Deus mesmo o abriu.
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