segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A PEDRA REMOVIDA

A PEDRA REMOVIDA

                                                                                  “Não tenhais medo. Buscais a Jesus.
                                                                                  Ele não está aqui...” (Mt 28.5, 6)

            Há uma pedra fechando a entrada do sepulcro de Jesus. Seria necessário removê-la para que Ele saísse? Sim e não. Há a percepção humana e o poder de Deus. Na verdade, Jesus não necessitava de uma ajudazinha do homem. Deus, a rigor, não necessita de nós. Uma teologia de um Deus carente é por demais claudicante. A presença de um anjo, com aspecto de relâmpago, fala-nos do Senhor da Natureza, isto é, as potências cósmicas sofrem o impacto da presença do Todo-Poderoso.
            Para quem, afinal, foi removida a pedra? “A pedra foi removida, não para Jesus, mas para as duas mulheres; (Maria, mãe de Tiago e José, e Maria Madalena) não para que Jesus pudesse sair, mas para que as mulheres pudessem olhar para dentro”, escreveu Max Lucado. Volta o sorriso aos seus semblantes. Antes, Maria Madalena chorava: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram” (Jo 20.13). Agora sabem que o seu Senhor não está morto e nem desapareceu. Volta a antiga paixão. Jesus está vivo. Podiam outra vez sonhar...
            Há pedras, por vezes pontiagudas, em nossa caminhada. E temos de enfrentá-las, até porque nem sempre podemos nós removê-las. Precisamos, portanto, da graça excelsa do Senhor. Pedras machucam, maltratam. Pedras produzem feridas e dor nas mãos, nos pés, no coração, na alma. Pedras são obstáculos, às vezes difíceis de transpor. Causam desânimo, desapontamentos, frustrações. Pedras desalentam, destroem esperanças, liberdades.
            Para o Filho de Deus, a pedra não é impedimento, mas é impedimento para nós, humanos, por vezes fragilizados, impotentes. Que fizeram as duas Marias? Solícitas e ansiosas foram, logo de manhã, ao sepulcro onde o corpo de Jesus fora posto. Que encontraram lá? Um anjo, com vestes brancas como a neve, assentado sobre a pedra que não mais fechava o túmulo. A Jesus, a quem buscavam, não encontraram. Pelo contrário, foram encontradas por Ele – “E, indo elas, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo (...) Não temais...” (Mt 28.9, 10).
            Pedras existem na vida para serem removidas. Ou são removidas ou comprometem o caminhar. Se não as podemos remover, porque falecem nossas forças ou não há poder em nós, nem por isso estaremos fadados ao fracasso último. Há alguém cujos poder e graça a tudo suplantam. A manhã da ressurreição de Jesus aponta para uma nova realidade, nova e luminosa, na vida dos filhos de Deus. Ouse buscar, não a um morto, mas a quem tem a vida e no-la oferece, plena e graciosa.
                                                                                  Recife, 29.11.2011 
     Válter Sales

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