“NEGUE-SE A SI MESMO”
“Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
Negar-se não é aniquilar-se, destruir-se, findar-se, consumir-se, dar cabo de si. Não, o ensino de Jesus, nessa passagem, não tem caráter negativo. Não é uma ação que alguém sofre, numa passividade mórbida, de alguém que jamais se afirmou na vida. O ensino de Jesus tem caráter ativo. Leva a uma decisão corajosa de seguir os passos do Senhor, custe quanto custar.
Jesus jamais se escondeu numa dissimulação, mas revelou claramente que seu destino seria a cruz. Segui-lo pode custar a própria vida, mas é perdendo-a que se consegue salvá-la. Perde-se a vida para o mundo e seus valores corrompidos; perde-se a vida para a ilusão das vaidades, para o orgulho enganador, para a soberba que, não raro, desemboca em desilusão; perde-se para o pecado e se reconquista para a redenção em Cristo Jesus. Perde-se para ganhar.
Dallas Willard, pastor batista norte-americano, faz uma realista avaliação do cristianismo dos dias atuais. Diz ele, em seu livro O Espírito das Disciplinas, p. 13:
“Atualmente multidões estão se voltando para Cristo em todas as partes do mundo. Como seria insuportavelmente trágico, porém, se os milhões da Ásia, América do Sul e África fossem levados a crer que o melhor que podemos esperar do Caminho de Cristo é o nível de cristianismo visível hoje na Europa e América do Norte (um nível que nos deixa cambaleando no limiar da destruição mundial). (...) estamos numa época de heróis espirituais – um tempo para que homens e mulheres sejam heroicos na fé, no caráter espiritual e no poder. O maior perigo para a Igreja cristã atualmente é o barateamento de sua mensagem”.
Lúcida e corajosa é essa posição. Somos desafiados a abraçar um cristianismo de elevada têmpera. Negar-se é assumir posição destemida ao lado de Cristo, porque é tomar a cruz, é imitá-lo na vida, dia a dia, é segui-lo, é cumprir seus propósitos nesta vida e neste mundo, é ser missão em nome do Filho de Deus, que deu a vida para salvar a todos os que dele se aproximam pela fé.
Isso pode custar o conforto de nossas catedrais, para ser sinal visível da presença e atuação de Cristo no mundo. Mas se isso é seguir a Cristo, valerá a pena. É o custo da redenção humana.
Recife, 18.11.2011
Válter Sales
Quem diria!!! Hoje quase 6 anos após nos faz refletir sobre o verdadeiro evangélico. Será que estamos prontos a morrer por Cristo? Que Deus nos acrescente a nossa fé.
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