segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O PAI NOSSO DE CADA DIA

O PAI NOSSO DE CADA DIA

                                                                                  “... vós orareis assim: Pai nosso...”
                                                                                  (Mt 6.9)


Já se disse que o Pai Nosso é a “oração-modelo” ensinada por Jesus Cristo, e “oração do discípulo”, porque requer postura e atitude de seguidor. Como oração-modelo, ela não é para ser simplesmente repetida. Serve de parâmetro, de padrão. São princípios que devem nortear todas as orações. Como oração do discípulo, diz-nos daquele que faz real profissão de fé e propósito de seguir os caminhos do Senhor. Esta deve ser uma experiência de todos os dias.
O Pai Nosso é, assim, a oração do filho-discípulo. Dizer “Pai nosso” é aludir
a uma vinculação não apenas filial, mas funcional. Só o discípulo pode proferi-la significativamente. Não caracterizadas pela vinculação filial-discipular, estas palavras perdem o sentido e a eficácia. Aquele que não se fez seguidor de Cristo, nada pode experimentar da paternidade divina. O Apóstolo Pedro declara que é por ele, Jesus Cristo, que cremos em Deus (1Pe 1.21). Crer, na sua essência, tem o sentido da obediência, algo que se processa no ordinário da vida.
Trata-se de uma relação santa a amorosa – o “Pai nosso” é aquele que está nos céus. E haverá céu, nessa relação com Ele, por onde transitar a alma crente e genuflexa, inclinada e reverente. É elevação da alma ao céu ou céus, onde Deus mora (céus no plural, porque Deus é ilimitado). Elevação à majestade, à glória. É uma relação de intimidade entre Pai celeste e filho humano, só concebida pela graça. É expressão de paternidade de que a correspondente veterotestamentária era apenas um vislumbre.
O Pai Nosso nos ensina que o Deus único contrasta com os deuses do paganismo, que não são nossos pais, pois que não são relacionais. O Salmo 115 afirma que esses deuses são obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam, seus olhos não veem, seus ouvidos não ouvem, seu nariz não cheira, suas mãos não apalpam, seus pés não andam e nenhum som lhes sai da garganta    (4-7). Somos exortados a confiar no Senhor, agora e sempre (18).
Podemos apresentar ao Pai nossas necessidades humanas, não sem antes reconhecer-lhe a soberania, tanto na terra como nos céus. Nossas necessidades do presente são levadas ao trono de Deus. Pedir o perdão da   vivência do passado, recorrendo à sua graça perdoadora. Pedir ajuda nas tentações, pois o nosso futuro é posto nas mãos de Deus. Passado, presente e futuro – a totalidade de nossa vida humana –, são postos ante a misericórdia divina. De igual modo, o Pai Nosso traz o Deus pleno para as nossas vidas.
A necessidade de sustento na vida faz-nos ver Deus como Pai, criador e sustentador. A necessidade de perdão nos leva ao Deus Filho, salvador, redentor. O pedido de ajuda nas tentações nos leva ao Deus Espírito Santo, consolador, fortalecedor, iluminador, guia e guardião de nossa vida. O Pai Nosso nos projeta no âmago do amorável Pai. Ele é o Pai Nosso de todos os dias.

                                                                       Recife, 09.11.2011
                                                                            Válter Sales

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