segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

“E O VENTO CESSOU”



“Subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos”  (Mc 6.51)


            Há ventos convulsivos no Mar da Galiléia. E se há convulsão no mar, há perigo para os pescadores, ainda que acostumados a essas intempéries, porque era do mar que tiravam sua mantença. Portanto, viviam no mar como viviam em casa. Transparece dessa convivência certa naturalidade. Ondas vão e vêm, e eles estão lá, como se fossem senhores de qualquer situação.
            Jesus vem de mais um milagre – a primeira multiplicação de pães e peixes. Já uma multidão ficara perplexa, e alimentada de pães e peixes. Então compeliu seus discípulos a embarcar para o outro lado e chegar à cidade de Betsaida. Queria nutri-los de fé. Isola-se um pouco para orar, até ao cair da tarde. Já enegrecido o tempo pela noite que se impõe, os discípulos estão em alto-mar. Jesus, sozinho, ainda em terra. Vendo que os discípulos se debatiam com os ventos contrários, vai-lhes ao encontro, andando sobre o mar. É mais uma demonstração de poder.
            Viram-no os discípulos, como se fosse um fantasma. “Mas logo lhes falou e disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais” (50). O evangelista Marcos nos diz que eles ficaram atônitos e gritaram. É meio patético o efeito da falta de fé. O verso 52 nos informa que os discípulos, seguidores de Jesus, “não haviam compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido”. É o produto natural do não crer.
            Este é um retrato de nossa vida. Também nós, hoje, somos, por vezes, faltos de fé, embora costumemos afirmar que cremos em Deus. O verdadeiro teste ocorre quando a nossa fé é posta a prova. É aí que demonstramos o que Deus, de fato, representa em nossa vida. Os discípulos de Jesus revelaram certa fragilidade. Costumavam dizer: “nós cremos”. Mas, na hora de provar sua fé, relutavam em fazê-lo.
            Há ventos impetuosos no mar de nossa vida... Tantas vezes e vezes sem conta. Fantasmas costumam assediar-nos. Nessas circunstâncias, embora nos consideremos homens e mulheres de fé, vêm à tona nossas fraquezas – somos muito vulneráveis! O mar se agiganta em ondas tenebrosas, e o frágil barquinho de nossa segurança parece soçobrar... Que fazer? É deixar Jesus, o Filho Eterno de Deus, entrar no barco de nossa vida. Aí dele ouviremos: “Tende bom ânimo. Sou eu. Não temais!” O vendaval vai cessar!
                                  

Recife, 19.12.2011
                                                                                       Válter Sales

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