quarta-feira, 18 de novembro de 2015
CREIO EM DEUS
Creio no guarda de Israel, que não dormita, testemunha celeste de minhas madrugadas. Creio no Deus consolador, que suaviza a dor e me consola a alma frente às amarguras e às contradições desta vida.
Creio num Deus encorajador, que me acode nos dias sombrios, de desânimo e desapontamento. Ele levanta o caído, consola o desesperado, salva o Creio num Deus real, que se manifesta por seu Espírito, sua essência – sua identidade essencial –, Ele mesmo. Não havendo outro ser pleno e a ele correspondente exato, faz-se, Ele mesmo, “autocomunicação” no Filho e no Espírito. É essa evidência, sustentadora da fé, cognição e experiência – conhecimento por semelhança ou representação do objeto, e convivência, o que torna real, quase palpável, esse objeto. Não há não-crer, quando se capta e se vive a experiência da comunhão. Só mesmo uma graça especial torna aplicáveis os valores do divino à esfera do humano.
À face de uma singular experiência que envolveu a perda de bens e filhos, às dissimulações de seus amigos e à incredulidade e insanidade da própria esposa, o resignado patriarca Jó declara: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levanrará sobre a terra” (Jó 19.25). Às suas palavras faz altissonante eco o Apóstolo Paulo: “Eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (2Tm 1.12), depois de desfilar seus sofrimentos por causa do Evangelho. Esses textos conferem um refrescor extraordinário à alma sofrida em meio aos revezes existenciais.
Ilustrado e apreciado pregador, o Pastor Paschoal Piragine declarou, em um de seus sermões: “Não dá para viver uma fé genuína sem que nalgum momento da vida a nossa fé seja provada”. Neste espírito e nesta consciência,
Max Lucado escreveu: “Sábios são aqueles que estão acima de suas feridas”. Adusa-se, na mesma linha de raciocínio: àqueles que são abastecidos pela graça de Cristo, as feridas atingem-lhes o corpo sem desfigurar-lhes a alma. Nossas virtudes interiores, geradas na comunhão do Espírito Santo, não se deslustram por vicissitudes quaisquer da vida, mesmo as mais amargas e depreciadoras.
Lembra-nos inspirada e inspiradora letra de um hino antigo, alusivo ao sacrifício de Cristo na cruz: “Feriram seu corpo, mas não seu amor”. Sua alma intristeceu-se, mas seu querer restaurador não se abalou.
Assim, mantenho-me firme, nesta fé e nesta relação “divino-humana”. Esta possibilidade é, já, produto consumado da Excelsa Graça. Minha âncora segura.
Válter Sales, em 18.11.2015
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