quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

GUARDAR NO CORAÇÃO



Maria, porém, guardava todas estas palavras, 
meditando-as no coração” (Lc 2.19)

Expressões consagradíssimas, tomadas, por vezes, como “frases de efeito” (dentro ou fora do seu contexto) são repetidas à saciedade, de tempos em tempos, e em momentos estratégicos, desses que fazem a delícia da mídia e da parolagem de qualquer natureza. Pessoas e instituições são alvos prediletos. Aos seus agentes em quase nada interessam as consequências. O que está em jogo é a satisfação própria, sua insaciabilidade por lucro ou por fama.

           Maria, a bendita jovem esposa de José e mãe de Jesus, não escapou à sanha maledicente daqueles que esperavam a regada festa de casamento. Viu-se grávida, numa circunstância acima do natural... Viu-a, assim, o noivo/esposo; e não a quis infamar. Era homem justo e temente a Deus. Vivia de seu ofício de carpinteiro e dos seus sonhos. Não lhe restava tempo para a folgança da incivilidade. Sairia de cena de forma discreta.

            A acudi-los, Deus, por meio de anjos e de pastores(bons tempos aqueles, de anjos e pastores, instrumentos de Deus!) – “Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo” (Lc 1.28), foi a mensagem angelical a Maria. E mais: “Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus” (30). É obra de Deus pelo seu poderoso Espírito (35). E a José: “... não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20). Tudo transcorre em celeste evidência.

            Para gerar uma vida, bastaria o contato físico de um homem com uma mulher. Para gerar a vida eterna, a redenção da humanidade, necessário seria uma intervenção direta do próprio Deus. Não poderia ser de outra forma. Não está em nós, homens, a capacidade de restaurar a imagem e natureza de Deus, deformadas que foram pelo pecado instalado no coração humano. A redenção da humanidade é obra do Espírito Santo.

            Maria – observe-se a adversativa, “porém” –, guardava as palavras dos anjos e pastores “meditando-as no coração”. Não se impressionava com palpites e comentários maldosos. José, de igual modo. O que interessa a homens e mulheres de Deus é uma consciência refinada, aliada à sensibilidade de que foi Deus quem falou. Quando Deus fala, fala a quem Ele deseja revelar sua vontade. Se Ele utiliza instrumentos seus para esse fim, são estes inconfundíveis! É preciso, pois, manter conveniente reserva em relação a quem, de moto próprio, faz-se porta-voz do Altíssimo. Temos, saído do ventre de Maria e da semente do Espírito, Jesus, revelação plenado Pai. Jesus, o Cristo, Deus conosco.

                                                                                  Recife, 02.01.2013
                                                                                  Válter Sales