“Maria,
porém, guardava todas estas palavras,
meditando-as
no coração” (Lc
2.19)
Expressões consagradíssimas, tomadas, por
vezes, como “frases de efeito” (dentro ou fora do seu contexto) são repetidas à
saciedade, de tempos em tempos, e em momentos estratégicos, desses que fazem a
delícia da mídia e da parolagem de qualquer natureza. Pessoas e instituições
são alvos prediletos. Aos seus agentes em quase nada interessam as
consequências. O que está em jogo é a satisfação própria, sua insaciabilidade
por lucro ou por fama.
Maria, a bendita jovem esposa de
José e mãe de Jesus, não escapou à sanha maledicente daqueles que esperavam a
regada festa de casamento. Viu-se grávida, numa circunstância acima do
natural... Viu-a, assim, o noivo/esposo; e não a quis infamar. Era homem justo
e temente a Deus. Vivia de seu ofício de carpinteiro e dos seus sonhos. Não lhe
restava tempo para a folgança da incivilidade. Sairia de cena de forma
discreta.
A acudi-los, Deus, por meio de anjos
e de pastores(bons tempos aqueles, de anjos e pastores, instrumentos de Deus!)
– “Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo” (Lc 1.28), foi a mensagem
angelical a Maria. E mais: “Maria, não temas; porque achaste graça diante de
Deus” (30). É obra de Deus pelo seu poderoso Espírito (35). E a José: “... não
temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito
Santo” (Mt 1.20). Tudo transcorre em celeste evidência.
Para gerar uma vida, bastaria o
contato físico de um homem com uma mulher. Para gerar a vida eterna, a redenção
da humanidade, necessário seria uma intervenção direta do próprio Deus. Não
poderia ser de outra forma. Não está em nós, homens, a
capacidade de restaurar a imagem e natureza de Deus, deformadas que foram pelo
pecado instalado no coração humano. A redenção da humanidade é obra do Espírito
Santo.
Maria – observe-se a adversativa,
“porém” –, guardava as palavras dos anjos e pastores “meditando-as no coração”.
Não se impressionava com palpites e comentários maldosos. José, de igual modo.
O que interessa a homens e mulheres de Deus é uma consciência refinada, aliada
à sensibilidade de que foi Deus quem falou. Quando Deus fala, fala a quem Ele
deseja revelar sua vontade. Se Ele utiliza instrumentos seus para esse fim, são
estes inconfundíveis! É preciso, pois, manter conveniente reserva em relação a
quem, de moto próprio, faz-se porta-voz do Altíssimo. Temos, saído do ventre de
Maria e da semente do Espírito, Jesus, revelação plenado Pai. Jesus, o Cristo, Deus
conosco.
Recife,
02.01.2013
Válter
Sales